As
perguntas que não são feitas nas pesquisas eleitorais
Por:
Wanderley Guilherme dos Santos
Rompendo o tédio da
rotina dos questionários elaborados pelos institutos de pesquisa, formulei seis
perguntas cujos resultados me interessariam conhecer.
Pesquisas de opinião
são orientadas, claro, e as eleitorais não constituem exceção. Se alguém deseja
saber quem prefere maçã ou banana deve perguntar justamente isso, sem confundir
o pesquisado com as opções de abacaxis e mangas. Muitas pesquisas eleitorais
desorientam os entrevistados ao introduzir opções que nada mais são do que
abacaxis e mangas, nomes de candidatos sabidamente estéreis no contexto
eleitoral efetivo. Obtêm-se antes de tudo uma idéia da dispersão aleatória da
preferência eleitoral, não as escolhas sólidas a aparecer com perguntas focadas
no que está, de fato, em jogo. Mas nada
impede que se investigue se o freguês é mais afeito a frutas ácidas ou cremosas
– um tanto mais geral e inespecífica do que a pergunta anterior.
Com maior ou menor
generalidade o que importa é que há um mundo de interrogações adequadas ao
conjunto das frutas, todas legítimas, respeitadas modestas regras de lógica.
Simples, mas esquecido quando os institutos divulgam seus resultados, aceitos
com sagrada intimidação. Na verdade, os mesmos tópicos das pesquisas podem ser
investigados por inquéritos variados, nada havendo de interdito no terreno do
mexerico.
Em pesquisas de opinião
são fundamentais a representatividade da amostra dos pesquisados, a correção
dos questionários e, concluindo, a leitura dos resultados. É intuitivo que em
uma comunidade onde 99% são religiosos o inquérito não pode concentrar-se no 1%
restante, exceto se o pesquisador estiver interessado justamente na opinião da
extrema minoria de agnósticos que ali vivem. Isto respeitado, tudo bem quanto à
representatividade dos números.
Mas a leitura dos
resultados pode ser marota. Jogando uma moeda para o ar centenas de vezes, o
número de experimentos em que ao cair a moeda mostrará a “cara” tende a ser o
mesmo número de “coroas”. Ignorando quando e porque acontece uma ou outra
coisa, deduz-se que a probabilidade de dar “cara” ou “coroa” é de 50%, ou seja,
metade das vezes uma, metade, a outra. Em certos convescotes essa peculiaridade
é chamada de “acaso”.
Mas essa é uma
probabilidade diferente da que indica o futuro do clima, por exemplo. As
chances de que chova nas próximas 48 horas não é derivada diretamente de uma
série de 48 horas do passado, mas das condições em que milhares de 48 horas
foram chuvosas: umidade do ar, regime de ventos, formação de nuvens, etc.
explicam com relativo grau de precisão (a probabilidade) as variações
climáticas. O que justifica o probabilismo é o conhecimento das
particularidades associadas ao aparecimento do fenômeno “chuva”, não o mero
fato de sua repetição.
Pois a probabilidade
derivada de uma série de pesquisas eleitorais é análoga à do jogo “cara” ou
“coroa”, não à dos prognósticos atmosféricos. De onde se segue serem um tanto
marotas as previsões de resultados eleitorais apoiadas em séries históricas,
por mais extensas que sejam. A diferença é ontológica: uma eleição não é um
jogo de “cara” ou “coroa”. A seguir, uma crítica, digamos, construtiva.
Rompendo o tédio da
rotina dos questionários elaborados pelos institutos de pesquisa, formulei seis
perguntas cujos resultados me interessariam conhecer. Aí vão:
1 – o Sr(a) prefere:
a)
continuar com a presidenta atual (Dilma Roussef)
b) voltar
ao governo do PSDB (Aécio Neves)
c)
indiferente
2 – o Sr(a) votaria em alguém que:
a)
defende a manutenção do emprego de quem trabalha
b)
promete medidas impopulares
c)
indiferente
3) – o Sr(a) apóia o controle nacional do petróleo
do pré-sal?
a) sim
b) não
c)
indiferente
4) - A oposição atual representa seu ideal de
governo?
a) sim
b) não
c)
indiferente
5) Em relação à distribuição de renda o Sr.(a) é:
a) a
favor
b) contra
c)
indiferente
6) Os atrasos na conclusão de aeroportos e estádios
demonstram que:
a) a
iniciativa privada não é confiável
b) há
sempre imprevistos em grandes obras
c)
indiferente
Escolhi agregar todos
os votos “não sei/prefiro não responder”, brancos e nulos em uma única opção
porque estou interessado somente nas escolhas claras. E indiquei o nome de dois
candidatos na pergunta 1 porque este é o desenho do questionário e, conforme o
manual da boa pesquisa, o entrevistado deve estar de posse das informações
relevantes para responder corretamente. Naturalmente, os entrevistados com
preferência por outros nomes ou por nenhum estariam representados na resposta
c.
O diabo é que ninguém
acredita que os questionários dos institutos são apenas uma aproximação do que
os eleitores perguntam a si mesmos, na hora do vamos ver. Por isso suas
pesquisas ao final de uma corrida eleitoral se tornam mais diretas e
econômicas, reduzindo o percentual de erro. Ainda assim, por vezes o palpite
estatístico é desastrosamente equivocado. É quando o instituto, ao contrário de
tentar replicar o que pensa o eleitor, busca fazer com que o eleitor pense como
ele. Não dá certo.
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