Um jornal a serviço dos EUA - 2
PIG de abotoadura
Os black blocs de gravata
de seda
Por: Saul Leblon
Há uma violência
que campeia invisível no Brasil. Em vez de máscaras, ternos de corte fino;
gravatas são de seda, italianas. Eles se avocam o mercado.
Há uma
violência que campeia invisível no Brasil nos dias que correm. Em vez de
máscaras, ternos de corte fino; as gravatas são de seda, italianas. O uniforme,
de grifes famosas, que faíscam nas vitrines da Via Condotti, em Roma, adorna
protagonistas confortavelmente
instalados no anonimato de uma legenda poderosa.
Eles se
avocam ‘o mercado’. Do rosto desconhecido ecoam decibéis sustenidos. Ora de
forma cifrada, ora escancarada, o alarido martela diuturnamente. Suas sentenças
tem a dureza dos vereditos inapeláveis. Nas chantagens irrecorríveis, opera um
amplo sistema de difusão.
Os black blocs do dinheiro graúdo não legitimam
aqueles outros, que se instalam no confortável papel de implodir o patrimônio público nas ruas, indiferentes
ao árduo compromisso de democratizá-lo
(leia as análises de
Marco Aurélio Weissheimer - http://www.cartamaior.com.br/includes/controller.cfm?cm_conteudo_id=29444
e Wanderley Guilherme dos Santos - http://www.cartamaior.com.br/includes/controller.cfm?cm_conteudo_id=29445 ).
Mas não são
menos violentos no menosprezo pelo destino da sociedade e a sorte do seu
desenvolvimento.
Há quem arrisque
dizer que são almas gêmeas, produto de um mesmo tempo e de uma mesma lógica.
Diferem na escala.
E isso
deveria significar alguma coisa para aqueles que imaginam implodir o sistema
chutando uma cabine de caixa eletrônico.
As labaredas
nas escaramuças de rua formam uma espécie de tanquinho de areia perto dos
incêndios estruturais que ameaçam ou ardem em torno de um alvo maior.
‘O mercado’
não reconhece os compromissos compartilhados que tornam possível a vida em
sociedade.
Menos ainda
a supremacia do interesse público sobre a ganância, que toma de assalto
recursos, como se não houvesse amanhã.
‘O mercado’
acusa o governo Dilma de obstruir seu livre curso.
Centuriões
avisam que ‘o mercado’ quer um Brasil com a legislação trabalhista da China.
Sem a
contrapartida do Estado chinês.
Quer uma
taxa de desemprego espanhola, de 26%, para dobrar de joelhos o custo Brasil.
Mas sem a
indigência falimentar do Estado espanhol.
‘O mercado’
quer um Brasil desossado, à moda grega.
Mas com o
charme de Paris, sem o IPTU do Haddad.
É esse
cosido de país dilacerado que os blac blocks de gravata de seda reivindicam no
noticiário econômico inflamável dos dias que correm.
Quanto
custará a paralisia que essa guerra de expectativas pode trazer –já está
trazendo-- ao investimento, enquanto
múltiplos de bilhões se refugiam no abrigo da liquidez de curto prazo ?
Difícil
dizer. Mas não é descabido afirmar: são valores suficientes para decepar um
pedaço do futuro daqueles que hoje imaginam estilhaçar o sistema chutando
ícones dele na avenida Paulista.
O Brasil,
como se sabe pelas sirenes do noticiário,
patina em baixa taxa de poupança interna (embora R$ 6,7 trilhões de
riqueza financeira estejam aplicados em papéis de curto prazo); seu investimento
(por isso) desliza; as exportações
definham diante da competitiva manufatura chinesa (que traz embutido o comando
econômico do PC da China); as importações vão
de vento em popa nas velas de um câmbio valorizado, cujo ajuste requer
uma pactuação que não esfarele o poder de compra dos salários...
E assim por
diante.
Há dois
caminhos: conversar sobre o assunto e eleger linhas de passagem para superar a
teia dos impasses atuais -- isso quem faz é a disputa política, ou decidir que
a fatalidade lacrou o futuro brasileiro.
Há
exatamente dois anos, em novembro de 2011,
indignados espanhóis ocuparam as ruas num misto de voluntarismo e
aversão ao sistema político.
Cravaram uma
abstenção de 30% nas eleições gerais.
A captura do
Estado espanhol pelos mercados foi avassaladora. A vitória incondicional do
extremismo conservador, com as consequências hoje sabidas, pesará sobre o
futuro de sucessivas gerações de espanhóis.
Os blac
blocks de gravata de seda, extremamente competitivos, querem cumprir suas metas
e bônus, não se importam com a sorte da
nação.
É deles o lema que pulsa no noticiário isento:
deve haver um abismo no mundo onde cabe esse país que só não afundou ainda por
falta de uma cova do seu tamanho.
As labaredas
desse incêndio incontrolável irrompem no
jornal da manhã e reacendem no noticiário da noite.
A mensagem
das chamas tem um alvo: 2014.
‘O mercado’
não quer mais a ‘gastança social’ do PT, nem o
‘intervencionista’ de Dilma.
Mas ‘o mercado’ quer entrar no Brasil de qualquer
jeito para desfrutar da sua riqueza e do seu mercado.
Há uma fila
de espera de dez instituições financeiras internacionais querendo entrar na
economia brasileira nesse momento.
As licenças
do governo demoram até dois anos para serem liberadas.
Os gravatões
de seda consideram isso um acinte.
O insuspeito
noticioso do amigável Valor Econômico
admite que o governo Dilma autorizou o ingresso de quase 8 bancos por ano desde
2011.
Acima até da
média de Lula, de seis bancos/ano.
Mas nada que
se compare ao desempenho de FHC: 18,4 bancos por ano.
O governo
Dilma acaba de autorizar os bancos Bradesco, Itaú e Banco do Brasil a
aumentarem de 20% para 30% a participação estrangeira no seu capital.
Os black
blocs enrolam a gravata de seda e espiam por cima dos óculos de aro made in
France.
O problema é
que Dilma quer saber exatamente o que o capital estrangeiro vem fazer aqui e
que vantagem trará ao país.
‘O estilo
ultradetalhista da presidente tem alimentado suspeitas de que existe um viés
nacionalista contra o aumento da participação estrangeira em instituições
financeiras’, justifica o amigável Valor.
A presidente
do Brasil só autoriza banco novo se ficar demonstrado o interesse do país na
operação.
Dilma quer
saber o que o banco fará pelo financiamento de longo prazo indispensável a um
novo ciclo de desenvolvimento.
A Presidenta
faz o que determina a Constituição. E o que determina a Constituição o ‘mercado ‘ rejeita.
Agora ela
quer disciplinar o acesso à riqueza mineral do subsolo brasileiro.
O governo
quer realizar leilões de reservas minerais comprovadas, cujo risco é zero.
E elevar de
2% para 4% os royalties sobre a atividade mineradora.
O Brasil
está entre os maiores exportadores de minério de ferro do mundo. Só o
faturamento da Vale do Rio Doce em 2012 foi de R$ 90 bilhões.
A arrecadação
de royalties de todo o setor mineral brasileiro no ano passado rendeu ao caixa
do Estado pouco mais de R$ 2 bilhões.
A acusação
mais branda que se ouve no setor é a de que o governo está querendo fazer caixa
para persistir na gastança fiscal.
Ideólogos
dos blac blocks de gravata de seda, lotados na FGV, vaticinam: ou o Brasil
derruba a política de reajuste do salário mínimo em 2014 –que beneficia também
os aposentados, ou o PT vai imitar Haddad, em 2015, e taxar mais os ricos para
sustentar os pobres.
O país está
entre esses dois fogos.
Que fazer?
Salpicar o
país de fogueiras esparsas que rendem
uma manchete exclamativa na Folha de amanhã?
Ou montar um
poderoso contrafogo de barragem política, que amplie a abrangência e a
profundidade da agenda progressista?
A ver.
Participe da Enquete (no alto, à
direita):
Jornais que apoiaram a ditadura militar de 1964,
emprestando seus carros para que vítimas do regime fossem levados ao DOI-Codi,
onde seriam torturados, devem ser punidos?
Seus donos devem prestar contas à Comissão da
Verdade?
Confira
também:
Um jornal a serviço dos EUA
A Catástrofe do Sucesso -
Tennessee Williams - On A Streetcar Named Success - by Tennessee Williams
Dossiê “Marxismo e Direito”
Intelectuais têm pavor da revolução
Relações da Folha de S. Paulo com o regime militar
http://agenorbevilacquasobrinho.blogspot.com.br/2010/11/relacoes-da-folha-de-s-paulo-e-o-regime.html
A verdade segundo a Folha.
E você ainda acredita no Datafolha? Você é inacreditável!
Golpe de 1964 - Suborno de generais
As Ciências Sociais contra os Direitos Sociais: O que é isso FFLCH? –
Por Jorge Luiz Souto Maior
Rede Globo argentina (Grupo Clarín) sofre dura derrota
http://agenorbevilacquasobrinho.blogspot.com.br/2013/10/rede-globo-argentina-grupo-clarin-sofre.html
Destucanizar
Mercenários
Nenhum comentário:
Postar um comentário