Opinião do DCE-USP sobre os próximos passos do movimento estudantil
Rodas desrespeita acordo
Na última quarta-feira
(06), tivemos uma assembleia geral decisiva. Nela, discutimos a continuidade ou
não da greve e da ocupação da reitoria, bem como a assinatura da proposta de
termo de acordo para isso. Por decisão da maioria (757 votos a 562), a opção
tomada foi de negar o termo de acordo e seguir com a ocupação e a greve.
O DCE da USP, como entidade que
representa os estudantes, reconhece a legitimidade dessa deliberação e se
dispõe, desde já, a levar adiante seus resultados. Ainda assim, queremos deixar
claras nossas posições a respeito das decisões tomadas e dos rumos da
mobilização. Desde o dia 1º de outubro, estamos na linha de frente de uma
mobilização histórica, que tem ganho legitimidade na opinião pública dentro e
fora da USP. Com nossa luta, obrigamos a reitoria a muitos retrocessos antes
inimagináveis, seja nas derrotas iniciais que sofreu Rodas na Justiça, seja no
fato de o reitor ter sido obrigado a negociar com os estudantes, o que nunca
foi de seu feitio.
O auge de nossa força se deu no dia
31/10, quando, após reunião de negociação, onde foram levadas todas as pautas
estudantis tiradas em assembleias, a reitoria foi obrigada a recuar e ceder em
reivindicações históricas (entenda-as aqui: http://www.dceusp.org.br/2013/11/entenda-o-termo-de-acordo-da-reitoria-e-a-posicao-do-dce/
).
Para o DCE, as conquistas que
estavam em jogo não eram menores. Não eram “migalhas”. Há tempos uma greve
somente de estudantes teve tanta força para conquistar. Na USP, ainda, a última
vez que uma mobilização teve vitórias foi em 2007 (em uma greve das três
categorias). As conquistas alteram a vida de milhares de estudantes e
demonstram que fazer greve vale a pena.
É evidente que a proposta de
termo de acordo não atendia a todas nossas reivindicações. Tem razão quem diz
que muitos pontos eram escritos em linguagem confusa ou insuficiente. É não
somente natural, mas positivo, que os estudantes tenham desconfiança com um
documento que é proposto pela reitoria da universidade — Rodas nunca teve
palavra, por que teria agora? Ao mesmo tempo, é inegável que, agora,
infelizmente, estamos mais distantes do que próximos das conquistas que já
havíamos alcançado.
Acreditamos que a decisão da
justiça em autorizar a reintegração de posse, aceitando o mandado de segurança
de Rodas, alterou completamente as condições de negociação do nosso movimento.
Estava claro, desde então, que a decisão em rejeitar o termo de acordo colocava
em risco a possibilidade de seguirmos com algum processo de negociação. Na
assembleia estávamos votando, portanto, entre um cenário que apontava para
reintegração de posse, repressão, fim da negociação e nenhuma conquista pelos
estudantes ou um cenário onde anulávamos a possibilidade de repressão policial
e consolidávamos as conquistas.
Na assembleia, a postura de
alguns estudantes, ao ampliarem a confusão, tacharem de “migalha” ou mesmo de
“traição” as conquistas, inclusive com a utilização de métodos reprováveis como
vaias e constrangimentos, não contribuiu para o avanço de nossa luta. Além
disso, ignorou o atual estágio de nossa mobilização, os riscos e oportunidades
que temos.
Por isso, consideramos que a
decisão tomada na assembleia de 06/11 não foi a mais correta. Para o DCE, a
principal tarefa do movimento estudantil, no momento, seria consolidar nossas
vitórias, assinando o termo de acordo e encerrando a greve e a ocupação para
que lutássemos com ainda mais força no próximo período. Para nós, greve e
ocupação são ferramentas de mobilização, que foram fundamentais para massificar
nossa luta desde o dia 1º, mas que não podem ser um fim em si mesmo. Devem,
como ferramenta, ser reavaliada, não só a partir da opinião dos participantes
das assembléias gerais, mas também do apoio passivo e ativo do conjunto da
universidade.
Um erro tático em uma greve ou
ocupação pode colocar o movimento estudantil na defensiva durante um longo
período. Foi o que vimos de 2011 pra cá. Em 2013, estamos aprendendo a fazer
uma mobilização capaz de aglutinar amplas parcelas dos estudantes. A luta por
democracia na USP — em especial pelas eleições diretas e pela estatuinte —
consegue dialogar com toda sociedade e a comunidade universitária. Com isso,
vimos construindo a greve mais forte dos últimos anos na USP, parando 3 campi e
quase 50 cursos, levando milhares para as ruas e multiplicando os debates e
mobilizações.
Uma continuidade positiva para
nosso movimento, neste momento, depende disso. É hora de reconstruirmos uma
correlação de forças mais favorável. Somente ao lado da ampla maioria dos
estudantes podemos ser radicais e vitoriosos. Também por isso considerávamos
importante a consolidação de nossas conquistas. Neste momento, existe a
possibilidade iminente de reintegração de posse do prédio da reitoria da USP.
Consideramos inadmissível o uso da força policial dentro do espaço
universitário e, sobretudo, diante de um movimento político, legítimo e
democrático, que tem em andamento canais de diálogo e negociação administrativos
na universidade.
É um absurdo que Rodas diga
negociar, mas, ao mesmo tempo, leve adiante suas ofensivas judiciais e
policialescas. A grande culpada pela situação é a reitoria da USP, que, em
quatro anos, construiu uma cultura de autoritarismo e truculência na
universidade, que neste ano tentou até o fim não negociar com os estudantes e
que, mesmo quando negociou, manteve-se intransigente em muitos pontos, como a
garantia de não punição e, sobretudo, a retirada do pedido de reintegração de
posse pela Justiça.
Um enorme escândalo, além de
tudo, foi a atitude golpista tomada pela própria comissão de negociação da
reitoria, que em reunião em 31/10, comprometeu-se com uma “estatuinte livre,
autônoma e democrática” na USP, mas, em 06/11, voltou atrás.
Nas mobilizações e lutas que fazemos,
nosso aprendizado é constante. O tamanho da vitória dos estudantes, a
capacidade de levar adiante nossos métodos de luta, como a greve e a ocupação,
dependem não somente de nossa vontade, mas da correlação de forças e da
capacidade que temos de dialogar com os estudantes. Mesmo as deliberações que
tomamos em assembleia só se efetivam com a participação e engajamento de todos.
Consideramos fundamental que o
movimento da USP siga adiante, busque se fortalecer ao máximo e tire as
conclusões da própria luta e das opções que toma. Por isso, estaremos atentos e
não permitiremos o uso da violência policial na USP. Seguiremos lado a lado com
todos os estudantes em busca de que as negociações sejam retomadas e que nossas
conquistas voltem a ser possíveis. Sobretudo, seguiremos adiante, neste ano e
no ano que vem, na luta por democratizar a universidade, com eleições diretas
para reitor e espaço para que todos tenham voz na USP.

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